Neste mês de janeiro o seminarista Jonathan Speck T. Jacques escreveu a respeito de Sto Antônio de Sant'Anna Galvão.
Santo Antônio de Sant’Anna Galvão
“Homem da Paz e da Caridade”
Antônio Galvão de França nasceu em 1739,
na cidade de Guaratinguetá, Estado de São Paulo, na época pertencente à Diocese
do Rio de Janeiro.
Os pais, Antônio Galvão de França,
negociante e Capitão-mor da cidade, e Isabel Leite Barros, que provinha de uma
família de abastados fazendeiros, deram aos 11 filhos uma profunda educação
religiosa, marcada pelo amor aos mais necessitados.
Com 13 anos, em 1752, Antônio Galvão foi
enviado pelo pai para o Seminário jesuíta de Belém, em Vila Cachoeira, na
Bahia, onde permaneceu até 1756. Com as perseguições aos jesuítas, por parte do
Marquês de Pombal, foi aconselhado pelo pai a transferir-se para o Convento dos
Frades Menores Descalços da reforma de São Pedro de Alcântara, em Taubaté, São
Paulo.
Aos 21 anos, em 15 de abril de 1760,
ingressou no noviciado do Convento de São Boaventura, Vila de Macacu, no Rio de
Janeiro. Ficou conhecido por sua piedade, zelo e virtudes exemplares. Fez sua
profissão solene e o juramento, segundo o uso dos Franciscanos, de empenhar-se
na defesa da doutrina sobre a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, aos 16 de
abril de 1761. Abraçou, assim, a vida franciscana.
Foi ordenado sacerdote com 23 anos, no
dia 11 de julho de 1762, no Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, Rio
de Janeiro. Celebrou sua primeira missa na Igreja de Santo Antônio, em
Guaratinguetá. Logo foi designado para o Convento de São Francisco, em São
Paulo, onde aperfeiçoou seus estudos de Filosofia e Teologia.
Em 1768 foi nomeado Pregador, Confessor
e Porteiro do Convento de São Francisco de São Paulo e, em seguida, Confessor
do “Recolhimento de Santa Tereza”, de 1769 a 1770. Ali, no Recolhimento de
Santa Tereza, conheceu a Irmã Helena Maria do Espírito Santo, profunda mística,
que afirmava ter visões onde Jesus lhe pedia para fundar um novo
“Recolhimento”. Frei Galvão, confessor de Irmã Helena, tendo submetido as revelações
ao Bispo diocesano e outros sacerdotes, que as consideraram verdadeiras, fundou
assim o “Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição da Luz da Divina
Providência”, em 1774, hoje conhecido como “Mosteiro da Luz”, na cidade de São
Paulo. Sob a orientação do Bispo de São Paulo, a nova fundação religiosa adotou
as regras das Irmãs Concepcionistas, aprovadas pelo Papa Júlio II. A construção
do Mosteiro durou cerca de 14 anos, obra levada adiante pelo zelo e dedicação
de Frei Galvão, pois Irmã Helena, co-fundadora, faleceu repentinamente a 23 de
fevereiro de 1775. Muitas foram as dificuldades para o estabelecimento deste novo
Recolhimento. Sob a pressão do Capitão-geral D. Martim Lopes Lobo Saldanha, o
Recolhimento foi fechado em junho de 1775, mas reaberto em agosto do mesmo ano,
graças à intervenção do Bispo de São Paulo, Dom Manuel da Ressurreição. Para a
construção da Igreja do novo Recolhimento foram necessários outros 14 anos de
dedicação. A inauguração se deu aos 15 de agosto de 1802 (esta Igreja, em 1988,
tornou-se patrimônio cultural da humanidade, pela UNESCO).
De 1776 até 1780 e de 1792 até 1793,
Frei Galvão foi Comissário da Ordem Terceira Franciscana em São Paulo. Em 1780,
o Capitão-geral D. Martim Lopes condenou à morte o soldado Caetano José da
Costa e Frei Galvão foi enviado ao exílio pelo próprio Capitão, por ter feito a
defesa do soldado. Graças ao clamor popular e as reações do Bispo de São Paulo,
a sentença foi revogada.
Em 1781 Frei Galvão foi nomeado Mestre
de Noviços em Macacu, Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1798, ele foi nomeado
guardião do Convento de São Francisco, em São Paulo, e reeleito em 1801. No ano
de 1802, Frei Galvão recebeu o privilégio de Definidor, pela solicitação do
Provincial feita ao Cardeal Pacca, Núncio Apostólico em Lisboa, Portugal,
alegando que Frei Galvão é “um religioso que, por costumes e por exemplaríssima
vida, serve de honra e de consolação a todos os irmãos, e todo o Povo daquela
Capitania de São Paulo, Senado da Câmara e o mesmo Bispo Diocesano o respeitam
como um varão santo”. Em 1807, também recebeu outras incumbências: a de
Visitador Geral e Presidente do Capítulo de 1808, cargos aos quais teve que
renunciar, por conta de seu estado de saúde abalado.
Em 1811, a pedido do Bispo de São Paulo,
fundou ainda o “Recolhimento de Santa Clara”, em Sorocaba, Estado de São Paulo,
lá permanecendo 11 meses para a organização da casa e o início da construção.
Frei Galvão viveu os seus últimos anos
junto ao Recolhimento da Luz, num pequeno quarto, nos fundos da Igreja e atrás
do Tabernáculo, onde usufruiu do carinho das Irmãs e do povo de São Paulo.
Faleceu no dia 23 de dezembro de 1822, com 83 anos. Foi sepultado na Igreja do
Recolhimento que ele mesmo ajudara a construir.
Ao seu túmulo acorrem muitos fieis e
peregrinos, que vêm para agradecer e para pedir a intercessão do “homem da paz
e da caridade”, que viveu sua vida em religiosa pobreza, contínua penitência e
alegre simplicidade. Muitos peregrinos também buscam as famosas “pílulas” de
Frei Galvão, inicialmente feitas por ele para a cura de um doente e que se
propagaram rapidamente, por serem miraculosas. A confecção dessas pílulas está confiada
às Irmãs do Recolhimento da Luz.
Frei Galvão foi Beatificado aos 25 de
outubro de 1998 (data mantida para sua memória litúrgica), pelo Papa João Paulo
II, em Celebração na Praça de São Pedro, no Vaticano. A Celebração da
Canonização ocorreu quando da primeira visita do Papa Bento XVI ao Brasil, no
dia 11 de maio de 2007, no Campo de Marte, em São Paulo.
Referências:
Arquidiocese de São Paulo. Visita do Santo Padre Bento XVI –
Canonização do Beato Antônio de Sant’Anna Galvão. Livreto da Celebração.
São Paulo: 2007.
SURIAN (OFM), Frei Carmelo. Frei Galvão: um brasileiro na glória dos
Santos. Petrópolis: Vozes, 1997.
Biografia – site do Vaticano:
Disponível em: http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20070511_frei-galvao_po.html
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