Nascido em Bocholt,
Alemanha, em 16 de janeiro de 1847. Foi ordenado sacerdote em 30 de novembro de
1871, com apenas 24 anos. Era coadjutor da Paróquia São Maurício, de Münster.
Devido a insistentes convites do Padre Francisco Topp, decidiu com um Padre
amigo, Francisco Auling, auxiliar os colonos brasileiros carentes de
assistência espiritual.
Contava 42 anos
quando, aos 19 de janeiro de 1891, chegou ao Vale do Braço do Norte, fixando
residência em Vargem do Cedro, após quase dois meses de viagens e delongas
necessárias, atuando mais especificamente no Capivari – Vargem do Cedro. Como
os Franciscanos assumiram Teresópolis, a região passou a ser atendida pelos
mesmos. Padre Eising atendeu aquela população até 1892, quando assumiu a
Paróquia de Brusque. O Padre Francisco Auling foi transferido para Curitiba.
A atuação em
Brusque
A nomeação de Padre
Eising como Cura das Colônias Itajahy e Ex-Príncipe Dom Pedro aconteceu a 18 de
agosto de 1892, por deferimento do Bispo do Rio de Janeiro. Após sua designação
para Brusque, Padre Eising encontrou bastante receptividade para obras que mais
tarde realizaria.
Logo que chegou a
Brusque, com o advento da República, teve que se empenhar em adquirir o terreno
da Igreja Matriz, com área de 19,205m², recebendo o título de propriedade em 14
de novembro de 1893. Teve a grande honra de preparar a primeira visita pastoral
a Brusque, em 26 de agosto de 1895, por Dom José de Camargo Barros, Bispo de
Curitiba.
Em 7 de agosto de
1894, por resolução, foi nomeado para reger a Escola Masculina de Brusque,
recebendo o ordenado de 500.000 réis anuais. Em 31 de março de 1895, recebeu um
coadjutor na pessoa do Padre Frederico Tombrock e, com a permanência deste
até 7 de março de 1896, pôde assumir, simultaneamente, a pedido do bispo de
Curitiba, a Paróquia de Itajaí.
No ano de 1895 se
esforçou por uma nova capela em Azambuja, em substituição à rústica ermida.
Aquele Vale o havia encantado, desde que tivera o primeiro contato. Percebeu
com aflição como era grave o problema sanitário entre a população de Brusque. A
maioria morria facilmente, porque se encontrava longe e eram inexistentes os
recursos sanitários que poderiam resultar na salvação de muitas vidas.
A ajuda do Pe.
Tombrock para o Padre Eising fora importante, mas, quando poderia melhor
atender seus paroquianos, teve que assumir a Paróquia de Itajaí. Seus trabalhos
pareciam não ter fim; por mais que labutasse, mais lhe ocorria o sentimento de
irrealização. Para piorar a situação, além de toda a sua ampla seara, recebeu
uma surpresa inusitada do Bispo diocesano de Curitiba. Por provisão expedida a
2 de dezembro de 1899, era nomeado Vigário encarregado das Paróquias de São
Sebastião de Tijucas, de Porto Belo e São João do Alto Tijucas. Ali se viu em
apuros, sem reação, sozinho, sem ter a quem recorrer, nem para uma conversa
entre confrades.
A nomeação
imprudente do Bispo se deve ao recebimento de uma carta dos paroquianos das
Paróquias acima nominadas, que reclamavam piedosamente a falta de atendimento
espiritual dos últimos tempos. Desde 1891, as ditas Paróquias eram atendidas
pelos Jesuítas de Nova Trento, dos quais relatavam ao Bispo que tinham saudades
do zeloso Padre Afonso Maria Parisi. Após se desentenderem com o Jesuíta Padre
Rafael Cervelli, SJ, as visitas foram ficando cada vez mais distanciadas,
reinando naquele povo o sentimento de abandono. A não mais aceitação de
atendimento por parte dos Jesuítas fez com que a escolha do socorro espiritual
recaísse sobre o bom Padre Eising. Em 25 de abril de 1899, vemos, no Livro
Tombo de Brusque, pedido do Padre Eising ao Bispo de Curitiba para se ausentar
da Paróquia por seis semanas, para descanso e ajudar na Paróquia São Paulo de
Blumenau. A licença foi deferida em 27 de outubro.
Um alívio chega em
novembro de 1900, com provisão assinada dia 23: o Padre Ernesto Consoni; mas,
ao completar um ano em Brusque, foi transferido para Camboriú. Novamente os
trabalhos que seriam para no mínimo três sacerdotes recaíram sobre o Vigário
Padre Eising. Em 1901, em meio a tantas ocupações, com um arroubo audacioso de
altruísmo, empreende a construção de uma casa de madeira polivalente para
abrigar os vários paroquianos que a ele reclamavam um alívio, quer corporal,
quer espiritual, em
Azambuja. Nesse ínterim, em 26 de novembro de 1901, chega um
auxílio providencial na pessoa do Padre José Sundrup, que fora incumbido também
das paróquias antes atendidas pelos jesuítas. Seu novo coadjutor torna-se o
arrimo pastoral, amigo confidencial, quando planos arrojados puderam se
externalizar. Esses dois grandes operários da vinha brusquense foram canal de
Deus para a realização de obras caritativas que frutificam até hoje.
A obra de Azambuja
que Padre Eising havia rusticamente plantado pôde florescer com o dinamismo do
Padre Sundrup, homem dotado de tino administrativo, vontade férrea de
empreender, sem deixar de ser magnânimo pastor. Ainda no ano de 1901, a obra caritativa de
Azambuja é iniciada. Nada fácil, faltava praticamente tudo, menos boa vontade
dos idealizadores e colaboração popular. Não havia médicos, e era difícil para
homens como esses dois sacerdotes ver toda a população carecendo de qualquer
sistema de saúde. Era crasso o problema dos desamparados, dos pobres, dos
desvalidos, pelas múltiplas misérias que cercam os seres humanos. As obras
desses dois padres tiveram a finalidade de acolher todo e qualquer ser humano,
independente de credo, que se encontrasse em estado padecente ou de
vulnerabilidade.
Pe.
José Sundrup, homem de grande caridade, arrimo e coadjuntor do vigário Pe.
Eising nas obras de Azambuja.
Não tardou a
aparecer também uma Escola Paroquial, e a grande força propulsora das Irmãs da
Divina Providência. Não temos a intenção de descrever essa maravilhosa história
que se desenrolou em Azambuja (ela já tem histórico publicado). Tratando ainda
do Padre em questão, podemos dizer que, em 1904, recebeu um novo coadjutor,
Padre João Stolte, o pioneiro da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de
Jesus em Brusque. Nesta
época, o Padre Sundrup, como coadjutor, continuava a morar em Azambuja.
Extremamente
exausto, sabendo que teria sucessor para a Paróquia São Luiz Gonzaga, em 5 de
outubro de 1904 ingressa na Ordem Franciscana, realizando o seu Noviciado em Blumenau. No Convento
de Rodeio, a 12 de fevereiro de 1905, troca a batina diocesana pelo hábito franciscano
e recebe o nome de Frei Capistrano. Em 13 de fevereiro de 1906 emitiu os votos
simples, três anos mais tarde os votos perpétuos. Como Franciscano, atuou em
Curituba, PR e Petrópolis, RJ. Seu lema foi: “Buscar sempre mais a perfeição”.
Em 1913 era auxiliar de Frei Modesto, substituindo-o, temporariamente, a partir
de agosto de 1919, na direção do noviciado em Rodeio. Veio a
terminar seus dias no Hospital Santa Isabel, em Blumenau, em 19 de setembro de 1921. A entrada na Ordem
Franciscana foi apenas burocrática para um sacerdote que viveu o franciscanismo
durante toda a sua vida.
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