11 junho 2013

Padre Antônio Eising


Nascido em Bocholt, Alemanha, em 16 de janeiro de 1847. Foi ordenado sacerdote em 30 de novembro de 1871, com apenas 24 anos. Era coadjutor da Paróquia São Maurício, de Münster. Devido a insistentes convites do Padre Francisco Topp, decidiu com um Padre amigo, Francisco Auling, auxiliar os colonos brasileiros carentes de assistência espiritual.
Contava 42 anos quando, aos 19 de janeiro de 1891, chegou ao Vale do Braço do Norte, fixando residência em Vargem do Cedro, após quase dois meses de viagens e delongas necessárias, atuando mais especificamente no Capivari – Vargem do Cedro. Como os Franciscanos assumiram Teresópolis, a região passou a ser atendida pelos mesmos. Padre Eising atendeu aquela população até 1892, quando assumiu a Paróquia de Brusque. O Padre Francisco Auling foi transferido para Curitiba.

A atuação em Brusque

A nomeação de Padre Eising como Cura das Colônias Itajahy e Ex-Príncipe Dom Pedro aconteceu a 18 de agosto de 1892, por deferimento do Bispo do Rio de Janeiro. Após sua designação para Brusque, Padre Eising encontrou bastante receptividade para obras que mais tarde realizaria.
Logo que chegou a Brusque, com o advento da República, teve que se empenhar em adquirir o terreno da Igreja Matriz, com área de 19,205m², recebendo o título de propriedade em 14 de novembro de 1893. Teve a grande honra de preparar a primeira visita pastoral a Brusque, em 26 de agosto de 1895, por Dom José de Camargo Barros, Bispo de Curitiba.
Em 7 de agosto de 1894, por resolução, foi nomeado para reger a Escola Masculina de Brusque, recebendo o ordenado de 500.000 réis anuais. Em 31 de março de 1895, recebeu um coadjutor na pessoa do Padre Frederico Tombrock e, com a permanência deste até 7 de março de 1896, pôde assumir, simultaneamente, a pedido do bispo de Curitiba, a Paróquia de Itajaí.
No ano de 1895 se esforçou por uma nova capela em Azambuja, em substituição à rústica ermida. Aquele Vale o havia encantado, desde que tivera o primeiro contato. Percebeu com aflição como era grave o problema sanitário entre a população de Brusque. A maioria morria facilmente, porque se encontrava longe e eram inexistentes os recursos sanitários que poderiam resultar na salvação de muitas vidas.
A ajuda do Pe. Tombrock para o Padre Eising fora importante, mas, quando poderia melhor atender seus paroquianos, teve que assumir a Paróquia de Itajaí. Seus trabalhos pareciam não ter fim; por mais que labutasse, mais lhe ocorria o sentimento de irrealização. Para piorar a situação, além de toda a sua ampla seara, recebeu uma surpresa inusitada do Bispo diocesano de Curitiba. Por provisão expedida a 2 de dezembro de 1899, era nomeado Vigário encarregado das Paróquias de São Sebastião de Tijucas, de Porto Belo e São João do Alto Tijucas. Ali se viu em apuros, sem reação, sozinho, sem ter a quem recorrer, nem para uma conversa entre confrades.
A nomeação imprudente do Bispo se deve ao recebimento de uma carta dos paroquianos das Paróquias acima nominadas, que reclamavam piedosamente a falta de atendimento espiritual dos últimos tempos. Desde 1891, as ditas Paróquias eram atendidas pelos Jesuítas de Nova Trento, dos quais relatavam ao Bispo que tinham saudades do zeloso Padre Afonso Maria Parisi. Após se desentenderem com o Jesuíta Padre Rafael Cervelli, SJ, as visitas foram ficando cada vez mais distanciadas, reinando naquele povo o sentimento de abandono. A não mais aceitação de atendimento por parte dos Jesuítas fez com que a escolha do socorro espiritual recaísse sobre o bom Padre Eising. Em 25 de abril de 1899, vemos, no Livro Tombo de Brusque, pedido do Padre Eising ao Bispo de Curitiba para se ausentar da Paróquia por seis semanas, para descanso e ajudar na Paróquia São Paulo de Blumenau. A licença foi deferida em 27 de outubro.
Um alívio chega em novembro de 1900, com provisão assinada dia 23: o Padre Ernesto Consoni; mas, ao completar um ano em Brusque, foi transferido para Camboriú. Novamente os trabalhos que seriam para no mínimo três sacerdotes recaíram sobre o Vigário Padre Eising. Em 1901, em meio a tantas ocupações, com um arroubo audacioso de altruísmo, empreende a construção de uma casa de madeira polivalente para abrigar os vários paroquianos que a ele reclamavam um alívio, quer corporal, quer espiritual, em Azambuja. Nesse ínterim, em 26 de novembro de 1901, chega um auxílio providencial na pessoa do Padre José Sundrup, que fora incumbido também das paróquias antes atendidas pelos jesuítas. Seu novo coadjutor torna-se o arrimo pastoral, amigo confidencial, quando planos arrojados puderam se externalizar. Esses dois grandes operários da vinha brusquense foram canal de Deus para a realização de obras caritativas que frutificam até hoje.

A obra de Azambuja que Padre Eising havia rusticamente plantado pôde florescer com o dinamismo do Padre Sundrup, homem dotado de tino administrativo, vontade férrea de empreender, sem deixar de ser magnânimo pastor. Ainda no ano de 1901, a obra caritativa de Azambuja é iniciada. Nada fácil, faltava praticamente tudo, menos boa vontade dos idealizadores e colaboração popular. Não havia médicos, e era difícil para homens como esses dois sacerdotes ver toda a população carecendo de qualquer sistema de saúde. Era crasso o problema dos desamparados, dos pobres, dos desvalidos, pelas múltiplas misérias que cercam os seres humanos. As obras desses dois padres tiveram a finalidade de acolher todo e qualquer ser humano, independente de credo, que se encontrasse em estado padecente ou de vulnerabilidade.

Pe. José Sundrup, homem de grande caridade, arrimo e coadjuntor do vigário Pe. Eising nas obras de Azambuja.

Não tardou a aparecer também uma Escola Paroquial, e a grande força propulsora das Irmãs da Divina Providência. Não temos a intenção de descrever essa maravilhosa história que se desenrolou em Azambuja (ela já tem histórico publicado). Tratando ainda do Padre em questão, podemos dizer que, em 1904, recebeu um novo coadjutor, Padre João Stolte, o pioneiro da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus em Brusque. Nesta época, o Padre Sundrup, como coadjutor, continuava a morar em Azambuja.
Extremamente exausto, sabendo que teria sucessor para a Paróquia São Luiz Gonzaga, em 5 de outubro de 1904 ingressa na Ordem Franciscana, realizando o seu Noviciado em Blumenau. No Convento de Rodeio, a 12 de fevereiro de 1905, troca a batina diocesana pelo hábito franciscano e recebe o nome de Frei Capistrano. Em 13 de fevereiro de 1906 emitiu os votos simples, três anos mais tarde os votos perpétuos. Como Franciscano, atuou em Curituba, PR e Petrópolis, RJ. Seu lema foi: “Buscar sempre mais a perfeição”. Em 1913 era auxiliar de Frei Modesto, substituindo-o, temporariamente, a partir de agosto de 1919, na direção do noviciado em Rodeio. Veioa terminar seus dias no Hospital Santa Isabel, em Blumenau, em 19 de setembro de 1921. A entrada na Ordem Franciscana foi apenas burocrática para um sacerdote que viveu o franciscanismo durante toda a sua vida.

Texto de Eder Claudio Celva.




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