13 março 2015

QUARESMA, BATISMO E SERVIÇO

As frontes assinaladas pelas cinzas recordam a terrenalidade humana, ao mesmo tempo em que convidam cada cristão a alçar seus olhos para o alto e volver suas ações na direção de Deus, observando seu modo de agir para com Ele, para consigo mesmo e para com os demais. A caminhada no deserto quaresmal, à semelhança dos hebreus e de Jesus no deserto, quer fazer brotar e rebrotar na vida, com mais intensidade, a fonte da água batismal, que nos inseriu no seguimento de Jesus Cristo. Uma proposta ousada, a Quaresma que desafia cada um à sempre necessária conversão.
A mensagem do papa Francisco para a Quaresma de 2015 estrutura-se emforma afunilada: da comunhão universal dos crentes, a Igreja, passando pelas paróquias e comunidades cristãs, lugar da materialização da vida cristã em comum, da Palavra e da Eucaristia, chegando ao indivíduo, para olhar a cada fiel como único, à imitação de Deus para com seus filhos. Francisco é enfático na proposta já conhecida da Evangelii Gaudium: combater a globalização da indiferença, que impede a circulação do amor entre as pessoas.
Viés semelhante toma a Campanha da Fraternidade deste ano, ao destacar o serviço na relação entre Igreja e sociedade. As palavras de Jesus: “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45), inspiram a revisitar o modo de ser Igreja no mundo e de dar testemunho de Cristo. Oportunidade ímpar, pois, de pôr sob os olhos passado, presente e futuro. Recordando as inúmeras atividades da Igreja na formação da sociedade ocidental e do Brasil, em particular, e vivendo o momento presente com esperança, pode-se pensar a caminhada futura mais eficazmente, tanto em termos de evangelização quanto no âmbito das políticas públicas.
Num tempo litúrgico tão propositivo, ergue-se, de fato, a possibilidade de mudar de vida, de realizar com Jesus a Páscoa, saindo do sepulcro vitoriosos com Ele. No Ano da Paz, dom do Ressuscitado, seja a Quaresma momento propício para fazer o bem nas direções a que somos chamados: a oração, o jejum, a esmola, sabendo que o caminho penitencial percorrido com afinco levará a viver a Páscoa, mas também todo o ano que segue, e toda a vida com renovado ardor batismal.


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