Para
uma melhor compreensão da Pastoral Vocacional, de modo a superar os entraves
históricos do rótulo: vocação identificada apenas no sacerdócio ministerial e
na vida religiosa – urge a necessidade de conscientização para uma nova
linguagem que promova a cultura vocacional, visando a fortalecer e difundir
esta cultura dentro e fora da Igreja.
A
questão vocacional se apresenta como um tema de grande relevância na
contemporaneidade, pois envolve todas as pessoas atingindo-as não de forma
superficial ou optativa, mas o âmago do seu ser. É inerente ao ser humano a
pujante aventura em busca da realização plena de sua existência: chegar a
descobrir finalmente a sua vocação como resposta ao chamado de Deus; não como
fruto do acaso ou mera iniciativa pessoal.
Importantes
luzes emergem a partir do Concílio Vaticano II. O aspecto vocacional assumiu
gradualmente uma importância crescente na caminhada da Igreja. Destacam-se,
nesta perspectiva, os documentos conciliares, pronunciamentos oficiais e
diversos Congressos nacionais, internacionais e continentais. Abriram-se horizontes
para uma nova teologia da vocação e para uma correspondente práxis do serviço vocacional.
Ao analisar criticamente a realidade
atual – globalizada e secularizada –, percebe-se uma crise de vocações, tanto
por parte dos que são chamados, mas também dos que chamam, às vezes escondidos,
medrosos. Diante disso, o Senhor diz a cada um de nós: “Não tenham medo” (Mt
28, 5). Como Igreja e na Igreja, no serviço de animação vocacional, assume-se
cada vez mais o desafio de “promover e formar discípulos missionários que
respondam à vocação recebida” (DAp 14). É urgente uma autêntica Pastoral
Vocacional - Pastoral das Pastorais -, correspondente aos anseios humanos de
hoje.
A
Pastoral Vocacional floresce como necessidade que, urgentemente, deve
inserir-se como cerne em todas as instâncias da ação eclesial. Em outras
palavras, é preciso despertar para a realidade vocacional presente em toda ação
pastoral, uma vez que todo serviço a Deus começa com um chamado. É imprescindível
vocacionalizar as pastorais (vocacional, catequética, familiar, da juventude,
etc.), a fim de favorecer uma cultura do chamamento. A promoção pelas vocações é
senão tarefa de todas as pastorais. Sendo assim, é fundamental um trabalho em
conjunto nessa causa.
Tal responsabilidade é de toda a
Igreja. Nas palavras de João Paulo II, “todos os membros da Igreja, sem
exceção, têm a graça e a responsabilidade do cuidado pelas vocações,” (PDV 41). Uma vez que a pessoa é chamada
a viver com Cristo, em Cristo e para Cristo, guiada à luz do Seu Espírito, ela
torna-se verdadeira animadora vocacional. Acrescenta-se, ainda mais, o
pensamento de Aparecida: “a pastoral vocacional, que é
responsabilidade de todo o Povo Deus, começa na família e continua na comunidade cristã,
deve dirigir-se às crianças e especialmente aos jovens para ajudá-los a
descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um,
acompanhando-os em seu processo de discernimento” (DAp
314).
Na
animação vocacional, é imprescindível o entusiasmo! Todos cristãos são convocados,
como discípulos missionários, a semear a alegria de ser chamado,
incansavelmente, em qualquer contexto em que esteja envolvido, utilizando de
todos os meios que dispõe para fazer ressoar o convite de Jesus: Vem e
segue-me! (cf. Mt 19, 21) É preciso ter a convicção de que esse apelo
permanece, ainda hoje, pois Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre.
(Hb 13, 8).
No serviço de animação vocacional
deve-se ter
muito cuidado com o caminho das pessoas: como uma semente, a vocação precisa
ser regada para que floresça no momento certo. Eis o mandato do próprio Cristo ressuscitado:
“Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura!” (Mc 16, 15) De
fato, no percurso da Igreja, são muitos os semeadores que passaram e passam com
a missão de plantar com alegria, não se preocupando com a colheita, pois esta
tarefa pertence unicamente a Deus. É preciso, antes de tudo, uma evangelização
vocacional, alimentada na oração incessante ao Senhor da Messe.
Ismael Weiduschath.
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