17 agosto 2012

A urgência de uma Pastoral Vocacional




Para uma melhor compreensão da Pastoral Vocacional, de modo a superar os entraves históricos do rótulo: vocação identificada apenas no sacerdócio ministerial e na vida religiosa – urge a necessidade de conscientização para uma nova linguagem que promova a cultura vocacional, visando a fortalecer e difundir esta cultura dentro e fora da Igreja.
A questão vocacional se apresenta como um tema de grande relevância na contemporaneidade, pois envolve todas as pessoas atingindo-as não de forma superficial ou optativa, mas o âmago do seu ser. É inerente ao ser humano a pujante aventura em busca da realização plena de sua existência: chegar a descobrir finalmente a sua vocação como resposta ao chamado de Deus; não como fruto do acaso ou mera iniciativa pessoal.
Importantes luzes emergem a partir do Concílio Vaticano II. O aspecto vocacional assumiu gradualmente uma importância crescente na caminhada da Igreja. Destacam-se, nesta perspectiva, os documentos conciliares, pronunciamentos oficiais e diversos Congressos nacionais, internacionais e continentais. Abriram-se horizontes para uma nova teologia da vocação e para uma correspondente práxis do serviço vocacional.
Ao analisar criticamente a realidade atual – globalizada e secularizada –, percebe-se uma crise de vocações, tanto por parte dos que são chamados, mas também dos que chamam, às vezes escondidos, medrosos. Diante disso, o Senhor diz a cada um de nós: “Não tenham medo” (Mt 28, 5). Como Igreja e na Igreja, no serviço de animação vocacional, assume-se cada vez mais o desafio de “promover e formar discípulos missionários que respondam à vocação recebida” (DAp 14). É urgente uma autêntica Pastoral Vocacional - Pastoral das Pastorais -, correspondente aos anseios humanos de hoje.
A Pastoral Vocacional floresce como necessidade que, urgentemente, deve inserir-se como cerne em todas as instâncias da ação eclesial. Em outras palavras, é preciso despertar para a realidade vocacional presente em toda ação pastoral, uma vez que todo serviço a Deus começa com um chamado. É imprescindível vocacionalizar as pastorais (vocacional, catequética, familiar, da juventude, etc.), a fim de favorecer uma cultura do chamamento. A promoção pelas vocações é senão tarefa de todas as pastorais. Sendo assim, é fundamental um trabalho em conjunto nessa causa.
Tal responsabilidade é de toda a Igreja. Nas palavras de João Paulo II, “todos os membros da Igreja, sem exceção, têm a graça e a responsabilidade do cuidado pelas vocações,” (PDV 41). Uma vez que a pessoa é chamada a viver com Cristo, em Cristo e para Cristo, guiada à luz do Seu Espírito, ela torna-se verdadeira animadora vocacional. Acrescenta-se, ainda mais, o pensamento de Aparecida: “a pastoral vocacional, que é responsabilidade de todo o Povo Deus, começa na família e continua na comunidade cristã, deve dirigir-se às crianças e especialmente aos jovens para ajudá-los a descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um, acompanhando-os em seu processo de discernimento” (DAp 314).
Na animação vocacional, é imprescindível o entusiasmo! Todos cristãos são convocados, como discípulos missionários, a semear a alegria de ser chamado, incansavelmente, em qualquer contexto em que esteja envolvido, utilizando de todos os meios que dispõe para fazer ressoar o convite de Jesus: Vem e segue-me! (cf. Mt 19, 21) É preciso ter a convicção de que esse apelo permanece, ainda hoje, pois Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. (Hb 13, 8).
No serviço de animação vocacional deve-se ter muito cuidado com o caminho das pessoas: como uma semente, a vocação precisa ser regada para que floresça no momento certo. Eis o mandato do próprio Cristo ressuscitado: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura!” (Mc 16, 15) De fato, no percurso da Igreja, são muitos os semeadores que passaram e passam com a missão de plantar com alegria, não se preocupando com a colheita, pois esta tarefa pertence unicamente a Deus. É preciso, antes de tudo, uma evangelização vocacional, alimentada na oração incessante ao Senhor da Messe.

Ismael Weiduschath.

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