A quaresma é
um tempo de intensificar, pela oração, a esmola e o jejum, a relação cotidiana
com Deus.
O painel da
quaresma ressalta o conteúdo pascal da caminhada quaresmal. Resgata da quaresma
aquilo que realmente ela é: tempo de “esperar na alegria a santa Páscoa”.
Embora
acentuemos na quaresma o aspecto da cruz e na páscoa o aspecto da ressurreição,
há um centro de unidade que faz da quaresma a entrada na páscoa do Senhor. Quer
dizer: quando acentuamos o aspecto da saída da escravidão e de conversão, nós
vivemos e celebramos isso como experiência pascal, como passagem da morte para
a vida do pecado para o amor. Páscoa e Pentecostes são, então, o ponto alto
desta caminhada, expressam a alegria e a ação de graças por tudo o que o Senhor
fez acontecer em nós.
Esse conteúdo
pascal da quaresma é indicado pela cor ouro queimado e branco e pela faixa
central (A) onde aparece o Cristo, servo e rei (1), entrando em Jerusalém (2),
onde vai celebrar a paixão, morte e ressurreição, indicada pelas três cruzes
(3).
O
verde-esperança, ligado ao domingo de ramos, evoca a esperança messiânica
finalmente cumprida no servo Jesus, que é bendito e que vem em nome do Senhor.
A quaresma
faz memória da caminhada dos quarenta anos do povo de Deus no deserto. A faixa
(B) visualiza esta trajetória, destacando:
·
A aliança de Deus com Noé, após o dilúvio – Gn
9, 8-15 (4).
·
Abraão e o sacrifício do seu filho Isaac – Gn
22. 1-18 e 15, 5-18 (5).
·
Na sarça ardente o chamado de Moisés para
libertar o seu povo – Ex 3, 1-8a, 13-15 (6).
·
Moisés recebendo os mandamentos de Deus para o
seu povo – Ex 20, 1-17 (7).
·
A deportação e o novo Êxodo após o cativeiro da
babilônia – Is 43, 16-21; 2Cr 36, 14-23 (8).
Mas a
quaresma é sobretudo reviver os quarenta dias de Jesus no deserto e sua doação
até a morte. A faixa (C) põe em evidência a cena do primeiro e segundo domingo
(dos anos A, B e C):
·
Tentação de Jesus no deserto – Mt 4, 1-11 (9).
·
A transfiguração do Senhor – Mt 17, 1-9 (10).
A partir do
3º domingo, segue o itinerário batismal proposto pelo ano A, que nos convida a
participar da páscoa do Senhor fazendo nele a nossa profissão de fé, como fez a
samaritana – Jo 4, 5-42 (11), o cego de nascença – Jo 9, 1-41 (12), e Marta –
Jo 11, 1-45 (13).
Em cada
quaresma, recordando a caminhada de libertação do povo, somos convidados a
fazer um novo Êxodo e uma Nova Aliança, no Espírito de Jesus. Fazemos isso
renunciando a tudo que possa estreitar o horizonte de nossa entrega e aceitando
o compromisso de viver a páscoa não como celebração apenas, nem somente no
nível interior, mas na luta real da vida, no meio dos conflitos e na missão
concreta.
A faixa
lilás, assumindo o sentido da Campanha da Fraternidade, lembra que a prática da
oração, do jejum e da caridade, ligada a esse tempo, ganha um conteúdo novo, de
solidariedade e justiça, para transformarmos os sinais de morte em sinais de
vida e salvação.
Fonte texto e imagem: SPERANDIO, G.; FERNANDES, V. Painéis Litúrgicos, Um guia Sobre o Ano
litúrgico. Apostolado Litúrgico, 3ed., São Paulo, 2008, p. 17-19.
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