Todos
nós cristãos temos como missão nos comprometermos em celebrar e em proclamar o
verdadeiro sentido da Páscoa, uma vez que ela é o coração do Cristianismo, como
lembra Bento XVI. Tal situação interpela-nos a ir além de um simples voto de
Feliz Páscoa, saudação tão comum nesta época. Uma saudação que, muitas vezes, é
dita sem pensar em seu rico conteúdo, o que, por sua vez, a torna vazia.
Páscoa
é uma palavra vinda do hebraico, e significa passagem. Num primeiro momento, a
passagem de Deus libertando seu povo da escravidão, rumo à liberdade na Terra
Prometida (cf. Ex 12). Em segundo lugar, a passagem ocorrida com Cristo, da
Morte para a Ressurreição (cf. Mc 16, 1-8). Posteriormente, a passagem realizada
por Deus em cada um de nós, de uma vida velha para uma vida nova, por meio de
Jesus Cristo, pelo batismo (cf. Rm 6, 1-14). E, ainda, podemos dizer a passagem
final deste mundo para a Glória.
A
Páscoa cristã é a Ressurreição de Jesus, Sua vitória e a manifestação do Seu
poder sobre a morte. A alegria da Ressurreição é parte constituinte da dimensão
da nossa fé e da nossa pregação cristã (cf. 1 Cor 15, 14). Portanto, a
realidade central é o Cristo ressuscitado, sem a qual tudo desmorona.
No
entanto, indubitavelmente, percebemos hoje, uma compreensão e vivência da
Páscoa que desvia de seu sentido principal. De fato, somos envolvidos, neste
período pascal, por uma grande mobilização do comércio e da indústria, da mídia
e da imprensa, cuja finalidade é senão obter o lucro. Outro fator
desconcertante é conciliar a Páscoa como tempo de descanso e férias, de coelho
e ovos de chocolates, enfim, corremos o risco de ficarmos presos às aparências
e aos modismos.
Isso
não significa rejeitar tantos costumes que, de certa forma, nos ajudam a
celebrar a Páscoa. Na verdade, ter em vista este contexto, ajuda-nos a entender
a grandiosidade do mistério pascal.
É
oportuno tomar consciência do essencial da Páscoa - passagem para o melhor -,
afirma o Irmão Nery. A propósito, para nós cristãos há, sem dúvida, a
incumbência de nos assemelharmos a Jesus, isso porque Nele somos pessoas
pascais. Em outras palavras, esforcemo-nos para que Cristo seja formado em nós
(cf. Gl 4, 19).
Por
fim, na visão do teólogo Dietrich Bonhoeffer “quem compreende a Páscoa não
desespera.” Imbuídos da alegria pascal possamos, repletos de esperança,
exclamar que o Senhor Ressuscitou e, desse modo, celebrar e desejar aos nossos
irmãos e irmãs uma Feliz Páscoa.
Ismael Weiduschath
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