08 abril 2010

Akáthistos

No último dia 25 de março, solenidade da Anunciação do Senhor, os seminaristas participaram na Catedral Metropolitana de Florianópolis, do hino Akáthistos entoado pelo Coral Santa Cecília. 


História
No século VI, no Oriente, começou a ser cantado o hino Akáthistos – palavra grega que significa não sentado, de pé. Trata-se do mais célebre hino mariano, a mais bela composição mariana do rito bizantino, “um esplêndido hino” (João Paulo II, 25.3.88).
Akáthistos canta o mistério da encarnação salvífica do Verbo de Deus, descreve a maternidade de Maria e canta seu papel no mistério de Cristo e da Igreja. Não é possível precisar o autor desse hino. Certamente trata-se de um grande poeta, um eminente teólogo, um profundo contemplativo. O autor teve o mérito de traduzir, numa oração, a síntese da fé que a Igreja dos primeiros séculos professava a Maria. Tudo indica que esse hino, cujo original é em grego, tenha sido composto entre a segunda metade do século V e os primeiros anos do século VI, em Constantinopla.
“Queremos que este cântico universal, este poderoso e dulcíssimo hino seja a profecia de uma humanidade nova, a dos redimidos que no cântico de louvor se reconhecem irmãos. E enquanto a experiência cotidiana nos põe diante das múltiplas formas de mal, que derivam da pobreza do nosso limite, a renovada contemplação da comum salvação no Verbo, encarnado no seio da Virgem, é anúncio constante de uma nova fraternidade naquele único Senhor, irmão e mestre, carne da nossa carne, no qual a criação vence toda a opacidade e se faz transparência do Invisível. [...] A história da Virgem é a história dos redimidos, a história de toda a criatura” (João Paulo II, 25.3.1988).

Confira a homilia de Dom Murilo na celebração da Anunciação do Senhor com hino Akáthistos:

1.      Ave, Virgem e Esposa!, estamos cantando, fazendo coro aos que, com a ajuda do hino Akáthistos, têm glorificado o SENHOR nos últimos quinze séculos, porque mandou à terra “o mais sublime dos anjos... para dizer Ave à Mãe de Deus”. Ao cantarmos Ave, Virgem e Esposa!, somos nós que nos detemos extasiados diante da Virgem; somos nós que ouvimos sua pergunta: “Uma virgem poderá dar à luz um menino? Dize-me!” Nossa resposta à Maria, é: “Sim, uma Virgem poderá dar à luz um menino, porque “a Deus nada é impossível”! E mais fácil se torna a ação de Deus quando Ele encontra um coração como o teu, capaz de prorromper num grande grito de entrega: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua Palavra”.
2.      O hino Akáthistos nos coloca diante de dois fatos:
§ O primeiro fato: por amor, Deus quis vir ao encontro da humanidade. Ele nos amou primeiro!, proclamará o apóstolo e evangelista João. Deus quis vir ao nosso encontro para nossa salvação. O meio escolhido para realizar essa vinda foi Seu Filho, Jesus Cristo. O Pai o envia; o Filho se encarna – isto é, toma a nossa carne, tornando-se semelhante a nós em tudo, menos no pecado. Assim, Deus se sujeita ao tempo e ao espaço.
§ O segundo fato diante do qual o hino Akáthistos nos coloca é a escolha de Maria como Mãe do Filho de Deus. O SENHOR preparou o coração de Maria; a fez Imaculada. Por isso, com reverência, o Anjo canta: Ave, mistério, vontade inefável! Ave, ó escada sublime por quem Deus nos veio! Ave, do diabo derrota total, contundente! Maria é Virgem e escolhida para Esposa – uma Esposa que continuará Virgem. “A virtude do Altíssimo”, reza o Akáthistos, “a cobriu com sua sombra e tornou Mãe a Virgem sem núpcias”. Foi na liberdade que Maria tornou-se Mãe; foi livremente que disse: Faça-se em mim...
3.      Contemplando, com a ajuda de Akáthistos, a encarnação do Verbo, aprendemos as dimensões do amor de Deus. Tanto Deus amou o mundo que lhe deu Seu Filho único, proclamou Jesus. O apóstolo Paulo desejará que os cristãos de Éfeso descubram qual a largura, o comprimento, a altura e a profundidade (Ef 3,18) do amor de Cristo, que ultrapassa todo conhecimento.
4.      O hino Akáthistos nos ensina, também, as lições que Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, nos dá. Esse título – Mãe da Igreja – é patrimônio da Tradição eclesial. Tradição, alguém já disse, “é a presença viva do Evangelho no curso dos séculos até os nossos dias”. Oficialmente, Maria recebeu esse título da parte do Papa Paulo VI, no final da Terceira Sessão do Concílio Vaticano II (21.11.1964): “Auguramos, pois, que, com a promulgação da Constituição sobre a Igreja, selada pela proclamação de Maria Mãe da Igreja, isto é, de todos os fiéis e pastores, o povo cristão se dirija à Virgem santa com maior confiança e ardor, e a ela tribute o culto e a honra que lhe competem”.
5.      Que lições Maria nos dá com o seu Eis a serva... faça-se em mim...?
  • 1ª lição: a disponibilidade. Cada dia Deus pode se manifestar a nós com novas solicitações, e solicitações imprevisíveis, inesperadas. É essencial, pois, estarmos atentos aos apelos do SENHOR – apelos que Ele nos manifesta através de inspirações do Espírito Santo, que a Igreja nos ajudará a discernir se verdadeiras ou não; através de necessidades de nossos irmãos; e, particularmente, solicitações que nascerão no contato com sua Palavra.
  • 2ª lição: a escolha de Deus como SENHOR. É necessário o cultivo diário da escolha de Deus feita em determinado momento da vida, uma vez que, não sendo puros espíritos, precisamos renovar-lhe constantemente o nosso sim.
  • 3ª lição: espírito de serviço. Do sim à vontade de Deus sobre nós, nascerá o sim às necessidades dos irmãos e irmãs. O Eis aqui a serva do Senhor se completará com a visita de Maria à Isabel, para ajudá-la na gravidez. Resultado: quando Maria entrou em sua casa e a saudou, fez com que a criança pulasse no ventre de sua parenta.
6.      Akáthistos vem nos lembrar que a História da Salvação não é só uma contemplação do passado, mas também uma abertura às surpresas de Deus, para usar uma expressão atribuída ao Papa João XXIII. Em nós, a História da Salvação continua. Podemos, com nossa vida, mesmo que simples e vivida na rotina, ajudar a escrever belas páginas dessa História; mas também, se optarmos pelo caminho da mediocridade, poderemos empobrecê-la.
7.      Maria, mulher do “Eis a serva... e do Faça-se em mim...”, ajuda-nos a estar abertos à vontade de Deus, como tu; a escolhê-lo como SENHOR, como tu o escolheste; e a servi-lo na simplicidade e na alegria, como o serviste! Amém!     
Fonte: site da Arquidiocese de Florianópolis




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